Disciplina Corpas Gordas: UEL

Disciplina Corpas Gordas: gordofobia, resistências e ativismos, para o PPGCom na Universidade Estadual de Londrina – UEL

Uma Semana de Afetos e Resistências: Corpas Gordas na Pós-Graduação

Setembro de 2024 chegou, trazendo com o calor e a seca típicos dessa época em Londrina, uma vivência que deixou uma marca significativa na minha caminhada como professora e pesquisadora. Desde 2023, atuo como docente colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, na Linha de Pesquisa Colonialidades e Comunicação, mas foi a primeira oportunidade de oferecer uma disciplina no PPG centrada nas corporalidades gordas: Corpas Gordas: Gordofobia, Resistências e Ativismos.

E que jornada intensa foi essa!

Com cerca de 35 participantes ocupando a sala, tivemos representatividade de diversas áreas do conhecimento, como Comunicação, Ciências Sociais, Psicologia, Pedagogia, Artes Cênicas, Saúde Coletiva, Nutrição e pessoas envolvidas em movimentos sociais. A pluralidade de vivências e perspectivas deu ainda mais profundidade aos encontros. Vale destacar que pelo menos 10 alunos eram pessoas gordas, o que proporcionou debates ainda mais significativos, lembrando que nossas corpAs são, antes de tudo, políticas.

A semana começou com intensidade já na segunda-feira. Uma aula repleta de movimento e sentimentos nos convidou a dançar, cantar e refletir sobre um questionamento primordial: “Tem gordofobia aí?”. A conexão instaurada entre corpo e grupo nesse momento foi memorável. Na terça-feira, mergulhamos de cabeça nas Epistemologias Engorduradas, considerando questões como a descolonização da saúde, das corpAs, das nossas pesquisas e da própria academia.

A quarta-feira foi um dia emblemático, com uma roda de troca capitaneada por quatro mulheres excepcionais que pesquisam corporalidades gordas no Brasil. Caroline Silva Marcelino minha amiga desorientanda nos trouxe suas reflexões sobre os encontros gordEs organizados pelo país e mundo afora; Bruna Lavandoski Mendroni que é da psicologia Social apresentou as nuances de sua investigação sobre o impacto das comédias românticas na vida de mulheres gordas; Suyanne Héria Vieira de Souzado Serviço Social abordou a conjuntura entre racismo, gordofobia e políticas públicas; e Eva Monteiro das artes Cênicas compartilhou sua experiência na pesquisa sobre a representação do corpo gordo no teatro. Essas intervenções ampliaram demais os horizontes e foram inspiradoras.

Na quinta-feira, retomamos a temática das epistemologias engorduradas, desafiando paradigmas e refletindo sobre a importância de trocar o discurso de combate pelo reconhecimento das corporalidades gordas. Já a sexta-feira trouxe um encerramento cheio de afeto: um exercício envolvendo o pensar com a corpA e o ato de engordurar a escrita. Ver cada aluno compartilhar os impactos pessoais dessa jornada foi comovente. Para finalizar com alegria e celebração, nos reunimos em um boteco, para festejar nas interseções entre saberes e afeições cultivados ao longo da semana.

Cansada? Sem dúvida. Mas saí plena e grata. Essa experiência fortaleceu minha convicção no poder transformador dos Estudos do Corpo Gordo. Quando alteramos a visão sobre as corporalidades, revisamos também o desejo de construir novas formas de estar no mundo. 

Que venham outras semanas potentes como essa! 💜

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Poder transformar aquilo que te faz mal em algo criativo vem ao encontro de um trabalho do feminismo de aceitação e entendimento do próprio corpo, de muitas maneiras e buscas. Entender que as pessoas que te reprovam e não te aceitam são as que precisam de ajuda, pois se incomodam com algo e não sabem bem o porquê. “

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Este livro é resultado de sua pesquisa que teve origem em sua tese de doutorado, a qual propõe análises teóricas para investigar a estigmatização institucionalizada sob a qual os corpos gordos são colocados. Lute como uma gorda está disponível para venda e comprando por aqui você recebe uma dedicatória especial da autora