Segunda edição do curso reúne intelectualdiade gorda do Brasil para aulas online com temas que passam pela saúde, mídia e comunicação, sexualidade, arte, racismo, moda, teatro e corpo gordo, filosofia e literatura
Estão abertas as inscrições para o curso Insurgências Gordas II, que ocorre entre os dias 01 a 08 de abril de 2021, sempre das 19hs as 21hs.
Nesta segunda edição, o curso reúne diferentes pessoas – todas gordas – para darem aulas sobre temas de pesquisa e imersão pessoal. Em formato intensivão, o curso ocorre em sete dias, com aulas sequenciais e online, ao vivo, com duração de 2h cada e emissão de certificado ao final. A curadoria do curso é de Jéssica Balbino e Malu Jimenez.
> INSCREVA-SE: bit.ly/insurgenciasgordas2
Ementa:
O curso Insurgências Gordas II é derivado da primeira turma, que ocorrem em janeiro de 2021 e reuniu 11 intelectuais gordes do país, debatendo diferentes temas que atravessam o cotidiano e os tempos atuais, como saúde dos corpos gordos, transexualidade e gordura, arte e corporalidade, teatro, literatura, estética queer, entre outros temas que são urgentes para o debate.
“Destacamos que é, sobretudo, através das corporalidades e nos corpos que se manifestam nossas potências criativas, dissidentes e rebeldes, capazes de construir uma nova narrativa, de equidade, diversidade e inclusão”, dizem as organizadoras dos encontros.
O corpo docente é diferente do que compôs o primeiro curso, com exceção das curadoras, é composto por pessoas que viveram a vida toda em corpos dissidentes e compreendem a necessidade de fomentar, em um curso livre, os saberes gordos e um pensamento crítico a partir de dados, pesquisas científicas e também pesquisas práticas sobre os temas, bastante plurais, que envolvem toda sociedade.
Questões como a forma como estes corpos são tratos na sociedade contemporânea, o quanto estes corpos são responsáveis pela história e biografia de cada pessoa, como os movimentos e os próprios corpos influenciam nas práticas cotidianos e ainda, como estes corpos se inscrevem no mundo.
A partir de uma proposta decolonial e que reúne múltiplas interseccionalidades ligadas às opressões que cruzam os corpos, o curso tensiona o debate que questiona: a que e à quem serve a normatividade corpórea?
E assim, a partir de discussões, exercícios práticos e materiais extras de leitura que o curso propõe uma reflexão sobre o que é o estigma da gordofobia, como é constituído e de que maneira ele nos afeta? Então, os professores convidados se propõe a jogar luz sobre estas questões, não com objetivo de esgotar as questões ou criar respostas prontas, mas de propor novos caminhos e possibilidades, onde todes possam existir.
Corpo docente:
- Flávia Durante
- Ale Mujica
- Agnes Arruda
- Gorda na Lei
- Júnior Ahzura
- Leticia Rodrigues
- Malu Jimenez
- Jéssica balbino
O CURSO
> O curso ocorre de maneira totalmente online, com encontros via Google Classroom e Google Meets.
> O horário das aulas é sempre das 19h às 21h.
> As aulas ficarão gravadas
> A ideia é estimular a aprendizagem a preços populares.
> Metodologia: Vídeos, filmes, textos, fóruns de debates, atividades online e produção textual.
> Política de bolsas: Disponibilizaremos cinco bolsas para pessoas gordas, que sejam de baixa renda, pretas, indígenas ou trans mediante autodeclaração, por ordem de procura,
> As aulas serão online, com 2h de duração cada.
> Ao final, será emitido um certificado de 20 horas
INSCRIÇÃO
se inscreva aqui: bit.ly/insurgenciasgordas2
Sua inscrição será validada após o pagamento e envio do comporvante para nosso email: [email protected]
valor: R$ 190,00
(pode ser parcelado em até 3x)
Sympla: https://www.sympla.com.br/insurgencias-gordas-ii–curso-online__1163726
à vista {10% de desconto} via depósito bancário: R$ 171,00
envio do comprovante para: [email protected]
Banco do Brasil
ag. 0309-3
c/c: 59216-1
CNPJ: 22.735.036/0001-56
Favorecido: Jéssica Balbino
PIX 35991603755
ou
Nubank
banco 260
ag. 0001
conta: 10913719-4
CPF: 126 443 358-17
Favorecida: Maria Luisa Jimenez Jimenez
PIX 126.443.358-17
Pague em até 3 vezes:
PAG SEGURO https://pag.ae/7WEMVNhKv
Bolsas socioeconômicas para pessoas gordas negras, trans, periféricas – enviar solicitação por email explicando que precisa da bolsa.
Metodologia:
- Aulas gravadas (vídeos)
- Aulas interativas (ao vivo via zoom)
- tempo para perguntas e respostas
- Atendimento personalizado
Material didático:
- Livros em PDF
- Sugestões de leitura
- Textos em PDF
- Bate papos
- Vídeos aulas
- Vídeos interativos
- Atividades de escrita (com comentários)
CURADORIA
A curadoria do curso surgiu a partir da união das pesquisadoras e escritoras Jéssica Balbino e Malu Jimenez, que somam as pesquisas, ora artísticas, pra acadêmicas e a produção de conteúdo feito por pessoas gordas. A ideia foi, então, reunir, outras pesquisas e saberes, acadêmicos ou não, mas que atravessam os corpos gordos, para levá-los ao debate a à produção de conhecimento fora dos espaços usuais e dado por corpos normativos.
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EMENTA DE CADA PROFESSOR E BIBLIOGRAFIA:

DIA 01/04 – lute como uma gorda e gasolina & fósforo
Por Malu Jimenez e Jéssica Balbino
Malu Jimenez e Jéssica Balbino apresentam nessa aula suas experiências com o encontro de seus afetos e desafetos, dores e curas através de seus olhar sobre si mesmas e sobre o estigma da gordofobia que lhe afectam desde a infância. Vivência que transborda sua escrita, poesia nas texturas do mundo. O que significa ser pesquisadora artivista feminista decolonial, gorda e a proposta para uma filosofia gorda, literaura gorda, quando se estuda as corporeidades gordas? Dentro de uma proposta política revolucionária feminista que mudou suas maneiras de serem, entenderem e viverem no mundo, propõem à partir de suas vivências uma reflexão sobre a importância de nossas vozes e narrativas insurgentes na pesquisa, dentro e fora da academia.

Expõem seus encontros com os estudos do corpo gordo como processo criativo que rompem o estabelecido e apresenta sentimentos, saberes locais e rebeldia, transpõem a proposta colonial capitalística impregnada no fazer científico que intenciona a construção de uma pesquisa transformadora social. A aula que Malu Jimenez e Jéssica Balbino exteriorizam, é uma proposta para o reconhecimento de nossas potências que impulsionam revolucionar cada maneira de se olhar, pensar, pesquisar e escrever em um modo de fazer político, criativo, prazeroso e revolucionário.
Referências:
ANZALDÚA, Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. ESTUDOS FEMINISTAS, 2020. Pgs. 229-236.
ARRUDA, A. de S. O peso e a mídia: uma autoetnografia da gordofobia sob o olhar da complexidade. 2019. Tese (Doutorado em Comunicação). – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Paulista – UNIP, São Paulo, 2019.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. 2ªed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CALVA, Silvia M. Bérnard (Org). Autoetnografia: Una metodología cualitativa. México: Universidad Autónoma de Aguascalientes, 2019.
DELEUZE, Gilles. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002.
DELEUZE, Gilles.; GUATTARI, Felix. O que é a Filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34, 1992.
FAVRET-SAADA, Jeanne. “Ser afetado”, cadernos de campo n. 13, 2005. pp. 155-161.
FEYERABEND, Paul. Adios a la Razón. Madrid: Tecnos, 1992.
FOUCAULT, Michel. Uma estética da existência. In: MOTTA, Manoel Barros (org.). Ética, sexualidade, política. 2ªed, Rio de Janeiro: Universitária, 2010b, pp. 288-93.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Gordofobia e Ativismo gordo: o corpo feminino que rompe padrões e transforma-se em acontecimento. XXXI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociología – Montevideo – Uruguay, 2017. http://alas2017.easyplanners.info/opc/tl/1243_maria_luisa_jimenez_jimenez.pdfhttps://documentcloud.adobe.com/link/track?uri=urn:aaid:scds:US:daf7ff58-6e9e-4237-99de-a005fa508e60
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. O corpo gordo feminino como resistência! 2018. (Blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2018/03/03/o-corpo-gordo-feminino-como-resistencia/
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Pelo direito a não querer emagrecer e ser GORDA! RESPEITO AOS CORPOS DIFERENTES! 2019. (blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2019/02/12/pelo-direito-a-nao-querer-emagrecer-e-ser-gorda-respeito-aos-corpos-diferentes/
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. MEU CORPO GORDO É POLÍTICO: RESISTE AOS PADRÕES DA BELEZA E SAÚDE. 2019. (blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2019/07/17/meu-corpo-gordo-e-politico-resiste-aos-padroes-da-beleza-e-saude/
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Cuerpas Gordas: sexo, deseos y placeres revolucionarios. junho 2020. Disponivel em: https://hysteria.mx/cuerpas-gordas-sexo-deseos-y-placeres-revolucionarios/
JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. Doutorado (Programa de Pós Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea – ECCO) – Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Cuiabá, MT, Brasil.
LAZZARATO, Maurizzio. As revoluções do capitalismo: A política no império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LORDE, Audre. Os usos da raiva: mulheres respondendo ao racismo, 2013. Disponível em: https://www.geledes.org.br/os-usos-da-raiva-mulheres-respondendo-ao-racismo/.
LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Autêntica: Belo Horizonte, 2013.
PRECIADO, P. B. Testo Junkie. Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. – São Paulo: n-1 edições, 2018.
PRECIADO, P. B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 edições, 2018.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Descolonizar el saber, reinventar o poder. Montevideo: Trilce, 2010.
Malu Jimenez mora em Chapada dos Guimarães no MT, é gorda, filósofa feminista, artivista faz arte propondo um novo olhar sobre os corpos gordos, professora doutora em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT, PHD em gordofobia, autora do livro “lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos”. Fundadora do 1º Grupo de Estudos do Corpo Gordo no Brasil o PESQUISA GORDA, idealizadora do projeto lute como uma gorda, coordena as redes sociais @estudosdocorpogordo, faz parte do coletivo feminista GORDAS XÔMANAS em CUIABÁ-MT, é colaboradora escritora no Todas Fridas, Margens, BLOG LUTE COMO UMA GORDA. Participa do PARALAXE – Grupo Interdisciplinar de Estudos, pesquisas e intervenções em Psicologia Social Crítica – UFC, aguardando financiamento para fazer estágio pós doc. sobre saúde e cultura na perspectiva das Corporalidades Gordas.
Jéssica Balbino é jornalista, mestre em comunicação e acredita que pode transformar o mundo através das narrativas. É criadora e editora do Margens, projeto que difunde conteúdo sobre mulheres periféricas na escrita. Curadora de eventos literários em todo país. Autora dos livros “Hip-Hop – A Cultura Marginal”, “Traficando Conhecimento” e “gasolina & fósforo – meu corpo em chamas” em pré venda.

Dia 02/04 – Quais são os direitos da pessoa gorda?
GORDA NA LEI
Por Rayane Borba Souza e Mariana Vieira Oliveira
Gordofobia é crime?
Quais os os direitos e as leis que nos protegem da gordofobia médica?
O que é uso indevido de imagem?
Como me protejo da gordofobia no âmbito cibernético?
Como denunciar gordofobia no ambiente de trabalho?
Como obter provas de como sofri gordofobia?
O adjetivo “ gorda” é considerado ofensa em via judicial?
Como me preparar para um processo judicial?
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.
Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.
Código de ética médica. Resolução nº 1.246/88. Brasília: Tablóide, 1990. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 3461/2020 Senado Federal – Anexo II bloco A subsolo – Ala Senador Nilo Coelho – Gabinete 11- Autoria: Senador Romário ( PODEMOS/RJ)
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 3526/2020 Senado Federal – Anexo II bloco A subsolo – Ala Senador Nilo Coelho – Gabinete 11 – Autoria Senador Romário ( PODEMOS/RJ)
GORDA NA LEI – O projeto Gorda na Lei, visa combater a gordofobia no âmbito jurídico.
A luta é que através da informação jurídica, o termo “ gordofobia” ganhe visibilidade nas discussões e decisões jurídicas e seja interpretado com a relevância de um preconceito existente e específico em nossa sociedade. O projeto é formado pela ativista Rayane Souza, Formada em Direito, Pós Graduanda em Direito Cibernético, Palestrante, Colunista da A Gazeta Espírito Santo, e a advogada Mariana Vieira, Membro da Comissão de Direitos Sociais da OAB/ ES.

Dia 03/04 – O corpo gordo na arte
Por Júnior Ahzura
O estranhamento, a repulsa, a violência e a curiosidade estiveram sempre misturadas de forma confusa quando se trata do que foge minimamente do padrão vigente na vida social. O corpo esteve, desde sempre no cerne do comportamento de estranhamento. Basta um pequeno desvio irrelevante para que ele se torne marginalizado, para que seja colocado em segundo plano, retirado da normalidade. (MENDONÇA, 2016)
Muitas vezes a arte busca representar o que se vê e conhece, também comunica através da inserção de imagens que reforçam a hegemonia de corpos na sociedade. Em contra ponto, no desenvolvimento de linguagens e mídias é notável que outras narrativas se tornam urgentes e revolucionárias. Além da busca por representatividade, artistes gordes quebram estigmas sociais através de seus trabalhos.
Nesta aula, Júnior Ahzura propõe um debate sobre as construções de narrativas visuais sobre o corpo gordo na história da arte, com foco no contemporâneo. A atenção para as dissidências na estrutura dominante é o ponto central para a desconstrução da representação de corporeidades marginalizadas.
Observações
A aula contará com materiais de referência visual (imagens, vídeos e apresentação), assim como referência textual (poemas e bibliografia).
Referências
LEAL, Abigail Campos. Escuiresendo – Ontografias poéticas. O sexo da palavra, 2020.
GAY, Roxane. Fome: Uma autobiografia do (meu) corpo. Globo Livros, 2017.
Baudrillard, J. (1981). A sociedade de consumo. São Paulo: Edições 70.
Courtine, J. J. (1995). Os stakanovistas do narcisismo. In D. B. Sant’Anna (Org.), Políticas do corpo: Elementos para uma história das práticas corporais (pp. 81-114). São Paulo: Estação Liberdade.
Foucault, M. (2005). História da sexualidade I: A vontade de saber (16a ed.). São Paulo: Graal.
Novaes, J. V. (2001). Mulher e beleza: Em busca do corpo perfeito: Práticas corporais e regulação social. Cadernos do Tempo Psicanalítico, 33, 37-54.
Castillo, Constanzx Alvarez. La cerda punk. Ensayos desde um feminismo gordo, lésbiko, entikapitalista y antiespecista. Trio editorial, 2014.
Quijano, Anibal. Colonialidad y modernidade/racionalidade, 1992.
Preciado, Paul. Manifiesto Contrasexual. Prácticas subversivas de identidad sexual, 2000.
Rodríguez, Claudia. Cuerpos para odiar, 2014.
Páginas / blogs
Naufus Ramírez Figueroa – http://uvuvuv.com/uv/naufusramirezfigueroa.html
Biblioteca Fragmentada – https://www.bibliotecafragmentada.org/
TEA – https://teatenerife.es/noticia/tea-organiza-una-performance-a-modo-de-caminata-vinculada-a-la-exposicion-tensar-la-carne/1630
Hysteria! – https://hysteria.mx/?s=cuerpo+gordo
Miro Spinelli – https://www.mirospinelli.com/
Jota Monbaça – https://ims.com.br/convida/jota-mombaca/
Camila Rocha – https://bracogordo.com.br/
Júnior Ahzura nascido e criado na zona leste de São Paulo, Júnior Ahzura é artista visual, educador e sinalizante. Tem interesse nas intersecções políticas entre corpo, espaço e sexualidade. Busca em seus trabalhos quebrar as representações visuais e as narrativas hegemônicas impostas aos corpos dissidentes. Trabalha com fotografia, colagem, performance e vídeo. É bacharel em Comunicação, Propaganda e Criação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil; e tecnólogo em Processos Fotográficos pela ETEC das Artes, São Paulo, Brasil.

Dia 04/04 -GORDOFOBIA SOBRE O PALCO – o problema da exclusão de corpos gordes nas artes cênicas
Por Leticia Rodrigues
Letícia Rodrigues é atriz, bailarina, escritora, performer desde 2010. Desde 2018 tem como mote a pesquisa de corpos gordes nas artes cênicas. Onde estão? Quais os trabalhos possíveis? Como a indústria recebe esses corpos? Quem escreve papéis para esses corpos? Afinal, personagem tem o corpo específico? Atrizes precisam de um corpo neutro? Existe corpo \”neutro\”?
É de suma importância que o debate sobre a autonomia física, simbólica, filosófica, afetiva e política de corpos gordes, ou corpos não correspondentes aos padrões de imagem e de mercado, seja difundido com recortes de raça, gênero, classe e peso. O quão longe esse debate consegue chegar? O meio artístico está isento dessa discussão? Se por um lado vivemos numa sociedade que avança a largos passos em direção a tecnologia e descobertas científicas; por outro, o quanto avançamos no debate e na inclusão a respeito da autonomia física e cidadã? E quanto ao desenvolvimento das habilidades desses corpos? E quanto a empregabilidade desses corpos excluídos? Como exigir acessibilidade a meios de transporte públicos e espaços de lazer e cultura nas cidades? Por fim, e não menos importante, como falamos sobre a afetividade quando a imagem é mais importante que a experiência do encontro? Onde estão os corpos gordos enquanto os padrões são aplaudidos em cena aberta? Os impedimentos que esses corpos enfrentam extrapola o privado e, precisa se tornar assunto público a fim de transformar e promover o acesso à experiência total que é a vida; isso só é possível quando debatemos dentro das nossas profissões também.
Referências:
Nechar, Patricia Assuf. O corpo gordo: uma cartografia do imaginário social. 2020. 215 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2020.
Nechar, Patrícia Assuf. Culturas e comunicações do universo plus size: uma cartografia das imagens de corpo nos discursos nas redes sociais. 2015. 177 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
MELLO, JULIA ALMEIDA DE. O corpo gordo: diálogos poéticos em Elisa Queiroz e Fernanda Magalhães\’ 04/05/2015 168 f. Mestrado em ARTES Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Vitória.
Aires, Aliana Barbosa. De gorda à pluz size: a produção biopolítica do corpo nas culturas do consumo – entre Brasil e EUA. 2019. 2019. [230 f.]. Tese ( Programa de Doutorado em Comunicação e Práticas de Consumo) – Escola Superior de Propaganda e Marketing, [São Paulo] .
CARVALHO, Alexandra Bittencourt de. Representações e identidades de mulheres gordas em práticas midiáticas digitais: tensões entre vozes de resistência e vozes hegemônicas. 2018. 138 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2018.Metz, Márcia Teresinha Gordas, gordinhas, gorduchas: a potência cênica dos corpos insurgentes / Márcia Teresinha Metz. — 2019. |
LETICIA RODRIGUES é atriz, dramaturga, performer, bailarina, tradutora e pesquisadora com enfoque no corpo gordo nas artes cênicas. Formada pela Escola Superior de Artes Célia Helena, atualmente, trabalha no seu solo intitulado \”116 gramas: Peça para emagrecer\” e é responsável pela criação e pesquisa das séries \”Contos para Insones\”, \”Conto para crer\” e \”autorretratos audiovisuais\” publicados na plataforma Instagram na conta @famosatriz; é criadora da conta @fracassadatriz na qual explora a ressignificação de imagens satirizando a vida precária dos trabalhadores de cultura no Brasil. No passado, teve passagem pelas companhias Grupo Folias D\’arte – realizando os espetáculos \”Folias Galileu\” e o infantil \”Chiquita Bacana no Reino das Bananas\”; e na Cia. Mungunzá de Teatro, esta tendo trabalhado por dois anos na gestão e produção do Teatro de Contêiner Mungunzá.

Dia 05/04 – O PESO E A MÍDIA: Estereótipos da gordofobia
Por Agnes Arruda
Qual a relação entre a gordofobia e os meios de comunicação e informação? Quais as formas de tratamento mais recorrentes que pessoas gordas, em especial mulheres, recebem em produtos midiáticos? Quais as relações entre comunicação e contemporaneidade em suas dinâmicas de trocas, valores e poder?
Referências:
ARRUDA, Agnes de Sousa. O peso e a mídia: uma autoetnografia da gordofobia sob o olhar da complexidade. 2019. 116 f. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade Paulista, São Paulo, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3ldWcd5. Acesso em: 9 nov. 2020.
ARRUDA, Agnes de Sousa; MIKLOS, Jorge. O peso e a mídia: estereótipos da gordofobia. Líbero, v. 23, p. 111-126, 2020.
BAITELLO JUNIOR, Norval. A era da iconofagia: reflexões sobre imagem, comunicação, mídia e cultura. São Paulo: Hacker, 2005.
CABRAL, Muniz Sodré de. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008.
Agnes de Sousa Arruda é Jornalista com quase 20 anos de atuação profissional, mestre e doutora em Comunicação. Desde 2009 é professora universitária com atuação em cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Além do livro infantil “Medusa: a história que não te contaram”, teve sua tese “O Peso e a Mídia” editada em livro pela Alameda Casa Editorial.

Dia 06/04 – MODA É DIGNIDADE
Por Flávia Durante
O mercado de moda plus size está em ascensão no Brasil e no mundo. Porém somente cerca de 25% do varejo de vestuário do país possui em sua grade regular tamanhos plus size. Mais do que estética, consumo e tendências, a moda também pode trazer dignidade. Enquanto algumas pessoas gordas buscam por roupas mais estilosas, outras não conseguem ainda nem o básico, como uma calcinha ou camiseta. Como a moda pode ajudar a trazer dignidade, autoestima e confiança para pessoas gordas e o que o mercado de moda precisa fazer para se tornar mais empático e inclusivo.
Referências:
Aires, Aliana Barbosa. De gorda à plus size: a produção biopolítica do corpo nas culturas do consumo – entre Brasil e EUA. 2019. 2019. [230 f.]. Tese ( Programa de Doutorado em Comunicação e Práticas de Consumo) – Escola Superior de Propaganda e Marketing, [São Paulo] .
Flávia Durante, 44 anos, é comunicadora, DJ, empresária, professora e ativista. Desde 2012 produz em São Paulo o Pop Plus, feira de moda e cultura plus size, com média de público de 12 mil pessoas por evento, atualmente com edições online. Ao longo destes 8 anos tem desmistificado conceitos e conselhos que mulheres (e homens também) vêm ouvindo há décadas em relação à moda. Falando sobre como a moda pode trazer dignidade para pessoas gordas, foi palestrante em 2018 no TEDx Laçador, em Porto Alegre. É embaixadora do programa #ElaFazHistória do Facebook. É professora na Pós-Graduação em Negócios no Mercado Plus Size do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Instagram: @flaviadurante e @popplusbr

Dia 07/04 – Cartografando as corpas gordes dentro do território da saúde. Descolonizando o saber bio-médico da corpo-normalidade.
Por Ale Mujica
Discutir as relações de colonialidade, poder, verdade e desejo que constituem as narrativas e práticas da bio-medicina e de bio-vigilancia sobre e para com as corpas gordes. Assim como, a medicalização e patologizacão da gordura dentro de uma lógica totalizante. Esta discussão também tem o intuito de pensar possíveis interferências e desvios dessas práticas gordofóbicas, questionando as verdades bio-médicas, para a construção de um cuidado ético-afetivo e micro/macro político antigordofóbico, onde todas as corpas sejam possíveis.
Referências:
Campos, Paul; Saguy, Abigail; Ernsberger, Paul; Oliver, Eric & Gaesser, Glenn. The epidemiology of overweight and obesity: public health crisis or moral panic?. International Journal of Epidemiology, 2006. vol. 35. n. 1. p. 55-60.
Constanzx Alvarez Castillo. La cerda punk. Ensayos desde un feminismo gordo, lésbiko, antikapitalista & antiespecista. Valparaiso: Trio Editorial. 2014.
Contrera, Laura; Cuello, Nicolás. Cuerpos sin patrones. Resistencias desde las geografías desmezuradas de la carne. Buenos Aires: Madreselva, 2016.
Costa, Flavia. El dispositivo fitness en la modernidad biológica. Democracia estética, just-in-time, crímenes de fealdad y contagio. Democracia estética, just-in-time, crímenes de fealdad y contagio. Jornadas de Cuerpo y Cultura, La Plata: FaHCE-UNLP, 2008.
Energici Sprovera, María-Alejandra & Acosta González, Elaine. El estudio de la obesidad y la gorduradesde la sociología y la psicología social. Athenea Digital, 2020. vol. 20. n.2.
Hunger, Jeffrey M; Dodd, Dorian R. & Smith, April R. Weight discrimination, anticipated weight stigma, and disordered eating. Eating Behaviors, 2020. n. 37. p. 1-5.
Montalbetti, Cynthia J. Luna. Cuerpas gordas: Gordofobia, Feminismo y Activismo de la Gordura en Brasil. UNILA, 2017. [TCC]
Navajas-Pertegás, Nina. (2017). La gordofobia es un problema del trabajo social. Azarbe, 2017, no 6, p. 37-46.
Piñeyro, Magdalena. Stop Gordofobia y las panzas subversas. Málaga: Zambra y Baladre, 2016.
Robinson, Beatrice “Bean” E.; Bacon, Lane C.; & O’reilly, Julia. Fat phobia: Measuring, understanding, and changing anti-fat attitudes. International Journal of Eating Disorders, 1993. vol. 14. n. 4. p. 467-480.
Rothblum, Esther; Solovay, Sondra; & Wann, Marilyn editors. The fat studies reader. Berkeley, CA: University of California Press, 2009.
Sibilia, Paula. Pureza y sacrificio: nuevos ascetismos por el “cuerpo perfecto”. Artefacto: Pensamientos Sobre la Técnica, 2007. n .6, p. 38-44.
Villchur Berg, Miriam. Public policy and promoting the Health At Every Size Philosophy, Fat Studies, 2017. vol. 6. n. 2. p. 223-231.
Ale Mujica pessoa trans não-binarie (sapatransviade). Pesquisadore nas áreas de gênero, sexualidade, corpo, afetos, decolonialidade, políticas públicas e saúde, também atua como tradutore e revisor de textos. Formade em medicina e com doutorado em saúde coletiva. Meu lugar é poético-poiético, transitório-transitante, entre pesquisadore e ativista, Brasil-Colômbia e imigrante. Trans-feminista, anticolonial, do movimento gorde e na luta pela despatologizacão das identidades trans, das corpas gordes e por diretos sexuais e reprodutivos pra todes. Faz parte do N’aya: Aquilombamento de intelectualidades afrocentradas; Afrotide (Laboratório Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão em Sexualidades); Nusserge (Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Saúde, Sexualidades e Relações de Gênero); e Nupebisc (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Bioética e Saúde Coletiva) – Ufsc.

DIA 08/04 – Aulão com todos os docentes e alunos
A ultima aula é um grande encontro com todos os participantes para troca de ideias, projetos, duvidas, afetos.